Quando uma criança demora para fazer algo esperado para a idade, como falar, engatinhar ou andar, muitos de nós pensamos que não há problema. Afinal, cada criança tem o seu tempo, certo?
É verdade que cada indivíduo tem o seu ritmo de desenvolvimento. Mas também é importante saber qual comportamento é esperado para cada idade. Caso o seu filho esteja muito fora desses marcos, pode ser uma boa procurar um médico para avaliação.
No caso do desenvolvimento da fala, é importante saber que, mesmo que a criança só vá aprender a falar efetivamente mais para frente, a comunicação começa desde que o bebê nasce. “O choro já é uma forma de comunicação”, diz a fonoaudióloga Danielle Damasceno, especialista em dificuldades de fala, linguagem e aprendizagem.
LEIA TAMBÉM: Pesquisadora desvenda causas do choro do bebê
O choro é um meio de comunicar não só fome, frio, calor ou outro incômodo, mas também necessidade de atenção, de colo e aconchego.
Segundo Danielle, os pais devem observar se o bebê troca olhares com os cuidadores. A hora da amamentação é um bom momento para ver esse aspecto da comunicação.
E converse bastante com o bebê, mesmo que ele ainda não responda. “Nosso comportamento de falar é inato, mas ele também depende de um aprendizado”, diz Danielle.
A fonoaudióloga alerta que não é muito saudável ficar comparando o seu bebê com outros o tempo todo. Mas, se os pais perceberem que seu filho está em um estágio de desenvolvimento muito diferente de outras crianças da mesma idade, é bom procurar um médico ou um fono, para tirar a dúvida.
Veja quais são os principais marcos do desenvolvimento da linguagem nos bebê:
3 a 6 meses
O bebê deve acompanhar as coisas com o olhar. É esperado que reaja aos sons e responda com sorrisos ou emitindo algum barulho.
6 meses a 1 ano
Nessa fase, o bebê começa a prestar atenção quando alguém fala perto dele. Por exemplo, se está mamando e outra pessoa conversa com a mãe, ele se distrai.
1 ano a 1 ano e meio
A criança começa a formar fonemas, a identificar objetos simples e a entender comandos. Por exemplo, a criança atende quando alguém pede para ela buscar um brinquedo.
1 ano e meio a dois anos
Deve ser capaz de entender comandos mais complexos. Imita as ações dos pais, como pentear os cabelos, escovar os dentes, etc. Forma frases de duas palavras, como “qué papá”, “dá neném” etc. Costuma ter um vocabulário de no mínimo 10 palavras.
2 anos e meio a 3 anos
Espera-se que a criança forme frases de mais de duas palavras e que comece a usar entonação de pergunta. Compreende quantidades e reconhece ações. Por exemplo, se a criança vê um personagem num livro dormindo ou chorando, ela reconhece aquela ação. Responde questões sobre ela mesma, como nome ou idade.
A partir de 3 anos
A criança não apenas responde o que é perguntada, mas também fala espontaneamente sobre algumas coisas. Responde a perguntas mais abstratas, como “o que é isso?” ou “o que a gente faz com o sabonete?”. A criança consegue falar sobre coisas que não está vendo. Entende a funcionalidade de objetos.
Atrasos
Os atrasos na fala têm inúmeras causas. Quando uma criança demora a falar ou tem dificuldade de se comunicar, muitos pais logo pensam em autismo. Mas existem diversas outras causas, como transtornos neurológicos, má formação cerebral, doenças auditivas, problemas motores, musculatura flácida e até desnutrição.
Às vezes a causa do atraso demora a ser identificada ou nem chega a ser diagnosticada mas, enquanto isso, a criança já pode passar por tratamentos para estimular o seu desenvolvimento.
Muitas vezes quem sinaliza aos pais que a criança parece estar com algum atraso de linguagem é o professor, que costuma passar bastante tempo com ela.
A fonoaudióloga Danielle Damasceno também recomenda que, para que os pais acompanhem o desenvolvimento na linguagem dos filhos e identifiquem algum atraso, é importante dar atenção de qualidade às crianças e sentar junto para brincar. “Brinque de esconde-esconde, de cabaninha. As crianças querem se conectar”, diz. Nesses momentos de brincar, desligue o celular, a TV e o tablet. “Deixe para usar os aparelhos nos momentos de real necessidade, use esse recurso a nosso favor, não como substituto de nossa atenção”, diz a especialista.